TIO PATINHAS E O CAPITALISMO: Mentiras Bem Contadas
INTRODUÇÃO
TODA MENTIRA VALE A PENA, QUANDO A INTENÇÃO NÃO É PEQUENA
Será que sim? É imoral fazer falsas promessas, mesmo que seja em nome de uma boa causa? É obrigação de quem acoberta um fugitivo denunciá-lo à policia? Deve fazê-lo mesmo sabendo que essa pessoa foge porque praticou um roubou para matar a fome? E se o fez simplesmente motivado pela cobiça de conseguir dinheiro? Que fazer? Deve-se proteger quem roubou para saciar a fome e entregar o outro, que não precisava se apropriar das coisas alheias? Do ponto de vista da moral, que diferença faz roubar uma vaca ou dez milhões de dólares? Não proíbe o 9° Mandamento cometer falso testemunho? Para complicar um pouco mais, se este mesmo fugitivo é um preso político, procurado porque denunciou as práticas de torturas cometidas nas prisões, é obrigação de quem o esconde entregá-lo a policia? E o que dizer da mentira política? É permitido aos dirigentes do Estado mentirem para o povo? É-lhes facultado o direito de dizer uma coisa e fazer outra, para evitar que os segredos de Estado sejam revelados aos inimigos externos? Esconderem de seus concidadãos, por exemplo, seus planos de desvalorização da moeda nacional para impedir que os especuladores tirem proveito da situação? Para aliviar o sofrimento de seus pacientes, os médicos podem fazer-lhes falsas promessas? É certo enganar as crianças com contos de assombração para convencê-las a fazer o que seus pais desejam? Devem contar-lhes histórias fantasiosas com o intuito de prepará-las para a vida?
Platão não teve dúvida: respondeu sim à mentira. Entretanto, para ele, nem toda mentira é moralmente justificável. Amante da verdade, não poderia deixar a faculdade de mentir sem peias morais e sem a vigilância da razão. Cabia a esta determinar o lugar em que poderia ser permitida no discurso humano. No livro II de A República[1], faz o seu Sócrates teórico, em seu diálogo com Adimanto, irmão de Glauco, perguntar a seu interlocutor, com o intuito de levar adiante a discussão que travavam sobre o conceito de justiça, se não “- existem dois tipos de discursos, os verdadeiros e os falsos?”. “– Sim, existem”-, é a resposta que recebe do seu ouvinte interpelado. Pois bem, se isso é verdade, continua Sócrates, sempre na forma de indagação, “ambos entrarão na nossa educação ou começaremos pelo falso?”. Sem saber qual é a intenção de Sócrates, Adimanto responde que não entende o que ele quer dizer, aonde deseja chegar com essa conversa.
Não demora muito, Sócrates satisfaz a curiosidade do seu interlocutor.
[1] Platão. A República. – São Paulo: Nova Cultural Ltda, 1999.
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TODA MENTIRA VALE A PENA, QUANDO A INTENÇÃO NÃO É PEQUENA
Será que sim? É imoral fazer falsas promessas, mesmo que seja em nome de uma boa causa? É obrigação de quem acoberta um fugitivo denunciá-lo à policia? Deve fazê-lo mesmo sabendo que essa pessoa foge porque praticou um roubou para matar a fome? E se o fez simplesmente motivado pela cobiça de conseguir dinheiro? Que fazer? Deve-se proteger quem roubou para saciar a fome e entregar o outro, que não precisava se apropriar das coisas alheias? Do ponto de vista da moral, que diferença faz roubar uma vaca ou dez milhões de dólares? Não proíbe o 9° Mandamento cometer falso testemunho? Para complicar um pouco mais, se este mesmo fugitivo é um preso político, procurado porque denunciou as práticas de torturas cometidas nas prisões, é obrigação de quem o esconde entregá-lo a policia? E o que dizer da mentira política? É permitido aos dirigentes do Estado mentirem para o povo? É-lhes facultado o direito de dizer uma coisa e fazer outra, para evitar que os segredos de Estado sejam revelados aos inimigos externos? Esconderem de seus concidadãos, por exemplo, seus planos de desvalorização da moeda nacional para impedir que os especuladores tirem proveito da situação? Para aliviar o sofrimento de seus pacientes, os médicos podem fazer-lhes falsas promessas? É certo enganar as crianças com contos de assombração para convencê-las a fazer o que seus pais desejam? Devem contar-lhes histórias fantasiosas com o intuito de prepará-las para a vida?
Platão não teve dúvida: respondeu sim à mentira. Entretanto, para ele, nem toda mentira é moralmente justificável. Amante da verdade, não poderia deixar a faculdade de mentir sem peias morais e sem a vigilância da razão. Cabia a esta determinar o lugar em que poderia ser permitida no discurso humano. No livro II de A República[1], faz o seu Sócrates teórico, em seu diálogo com Adimanto, irmão de Glauco, perguntar a seu interlocutor, com o intuito de levar adiante a discussão que travavam sobre o conceito de justiça, se não “- existem dois tipos de discursos, os verdadeiros e os falsos?”. “– Sim, existem”-, é a resposta que recebe do seu ouvinte interpelado. Pois bem, se isso é verdade, continua Sócrates, sempre na forma de indagação, “ambos entrarão na nossa educação ou começaremos pelo falso?”. Sem saber qual é a intenção de Sócrates, Adimanto responde que não entende o que ele quer dizer, aonde deseja chegar com essa conversa.
Não demora muito, Sócrates satisfaz a curiosidade do seu interlocutor.
[1] Platão. A República. – São Paulo: Nova Cultural Ltda, 1999.
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